Uma década

Nomeação de dom Hélio como bispo de Santa Maria completa 10 anos

Marilice Daronco

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Foi com um beijo no solo santa-mariense, em 21 de maio de 2004, que dom Hélio Adelar Rubert marcou a sua volta à cidade onde começou a vida sacerdotal. Na época, ele chegou de ônibus para substituir, ou "suceder", como bem menciona, dom Ivo Lorscheiter (1927-2007), que ficou 30 anos na função. O hoje arcebispo de Santa Maria recorda:
- Eram 11h. Dom Ivo já me esperava na rodoviária. Fiz questão de beijar o solo, e ele me perguntou, surpreso, o que eu estava fazendo. Beijar o chão daquele jeito era atitude mais comum a um papa. Mas eu fiz questão.

A primeira década à frente da diocese, hoje arquidiocese de Santa Maria, só será comemorada em maio. Mas nesta segunda-feira, também faz uma década que dom Hélio, que trabalhava como bispo auxiliar em Vitória (ES), foi nomeado bispo de Santa Maria pelo papa João Paulo 2º. 
- Foi engraçado, porque dom Ivo tinha tantos projetos que, quando eu era pároco em Santa Maria, dizia "coitado do bispo que vai me suceder". E o bispo fui eu (risos) - conta.

A morte de dom Ivo, em 2007, a polêmica sobre o corte de uma timbaúva em frente ao bispado, que mobilizou a cidade e fez com que a árvore fosse tombada como patrimônio, em 2010, a maior troca de párocos que a cidade já teve, em 2010, quando a diocese completou cem anos, a criação de paróquias na Cohab Tancredo Neves, Itaara e Dilermando de Aguiar, a preparação do padre José Mário Angonese para ser bispo, no ano passado. Esses, são apenas alguns dos momentos lembrados pelo arcebispo ao longo da década de trabalhos. O religioso recebeu o Diário na última sexta-feira antes de ir para uma visita pastoral, e comentou algumas passagens marcantes. 
- Cada bispo vê a necessidade do seu tempo. Não cheguei para inventar coisas. Além de dar continuidade aos projetos de dom Ivo, procuro investir na formação e atendimento espiritual de quem vive nas 26 cidades que fazem parte da arquidiocese - explica. 

As mudanças, em uma década, não foram poucas

Ao longo de tantos anos, não faltaram transformações. Desde as mais simples, como a cuia que trazia o escudo do Internacional de Porto Alegre, seu time do coração, hoje ter os símbolos da dupla Gre-Nal para não descontentar ninguém, passando pela elevação da diocese à arquidiocese, e até as mais complexas, como a morte de João Paulo 2º, que tornou  dom Hélio bispo, em 2005, e levou a sua sucessão, por Bento 16, nomeando dom Hélio arcebispo, em 2010. A renúncia do papa, em 2013, por sua vez, culminou no papado de Francisco, com quem o arcebispo se encontrou em julho, no Rio de Janeiro.
- Eu disse que era o arcebispo de Santa Maria, e o Papa lembrou as semelhanças com o incêndio em Buenos Aires, e disse que entendia o momento que vivíamos. Ele segurou a minha mão. Foi emocionante.

Morando a poucas quadras da boate Kiss, dom Hélio não estava na cidade em 27 de janeiro de 2013.
- Estou vivo porque não estava na cidade. Com uma situação como aquela, não tenham dúvidas de que vestiria um abrigo e iria para lá tentar ajudar a encontrar sobreviventes - comenta o arcebispo.

Aos 68 anos, o devoto da Medianeira sempre mostrou pique para a vida religiosa e esportiva. Ele pratica escalada e quase não chegou ao topo do pico Dedo de Deus, no Rio, em 2009. Nem mesmo uma complicação após cirurgia cardíaca, em 2011, fez com que abandonasse as caminhadas.
- Essas coisas são como reformar um carro, você troca uma peça e fica tudo bem - brinca dom Hélio.



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